domingo, 10 de abril de 2011

Está ruim, mas está bom


Estava lendo uma entrevista com o maestro Roberto Minczuk, no jornal A Folha de São Paulo hoje (o assunto é irrelevante aqui) onde ele citava que o brasileiro é dado ao comodismo. Não é uma idéia nova ou diferente do que a maioria das pessoas (no mundo) tem, mas me fez parar para pensar na nossa condição enquanto brasileiros (Aff, que coisa chata!).

Vamos voltar esse assunto chato para a área profissional.

Vejamos: você tem ensino fundamental. Muito bem! Já pode trabalhar com... bom,  talvez com algum “bico” autônomo ( todo bico é autônomo...) ganhando o suficiente pra comprar uma “dose” na sexta pra tentar superar ou esquecer que ganha tão pouco.

Se você já tem o ensino médio, parabéns! Já pode concorrer a muitas vagas, não vai ganhar muita coisa, nem se satisfazer pessoalmente em 90% dos casos, mas já tem possibilidades de ter um registro na carteira profissional e esperanças de ter uma aposentadoria um dia, caso não morra antes... (que trágico!).

Mas não! Você já tem uma faculdade!!! Já faz parte de aproximadamente 8% da população brasileira com nível superior, mesmo que desses 8% nem metade saiba escrever com um português minimamente aceitável. Já foi um escraviário, agora tem a esperança de ser um profissional bem sucedido e bem remunerado, se continuar estudando ou com muita puxação de saco (geralmente opta-se pelo segundo).

Se você é pós-graduado, tem mestrado, doutorado, três graduações, é poliglota, bem, você provavelmente não mora no Brasil e se mora, deve ganhar bem menos do que merece... (talvez por isso escolhe-se puxar o saco).

Talvez o cenário esteja mudando. Talvez, devagar, quase parando, nós estejamos conseguindo ter a visão de que o crescimento e o desenvolvimento tem que caminhar sempre juntos. Talvez consigamos, daqui para a frente, estabelecer uma cultura onde valorize a evolução pelo conhecimento e eficiência e não pelo paternalismo.

Talvez consigamos, um dia, ter uma maioria da população gostando de ir à escola (sem medos e traumas), com professores que gostem de ensinar, saibam como fazer e ganhem satisfatoriamente por isso; uma população que saiba aproveitar as oportunidades e investir em si mesma para conseguir ocupar as milhares de vagas não fechadas por falta de capacitação.

Talvez eu seja só uma sonhadora, como diria o John Lennon.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Funk é foda... literalmente...

Nunca estudei sociologia profundamente. Talvez por falta de oportunidade, tempo, vontade, enfim... mas morro de curiosidade para saber o ponto de vista dos sociólogos acerca da cultura (ou a falta de) do funk aqui no Brasil.

Para ficar bem explicado, não falo de qualquer categoria de funk, estou certa de que ele teve todo um contexto histórico nos Estados Unidos devido à luta dos negros etc, etc, mas sim daquele tipo que a gente ouve em qualquer calçada, transporte público, programas de TVs de quinta... bem,  já deu pra entender qual é, não é?

Estamos vivendo numa época em que o paliativo, o condensado, o rápido, o fácil são super valorizados. Estamos na era digital, onde não é necessário mais ler livros de trocentas páginas para uma prova ou para conhecimento pessoal, temos o google! Não precisamos mais fazer pesquisas quilométricas para trabalhos da escola, temos o Google! que também é conhecido como o "pai dos burros" ( por que será...?).

Não acredito, de forma alguma, que a internet seja uma coisa ruim, mas é fato que da mesma forma que ela possibilita a globalização de idéias e de contatos cada vez mais rápido, ela possibilita também a disseminação da ignorância. O importante agora não é lutar por uma idéia, por uma ideologia, por liberdade de expressão; o que importa é pra quantos você deu ou quantas você comeu e que isso seja divulgado, claro (desculpem o palavreado).

"Ela balança o cú na vara, bota o dedinho na boca e faz cara de tarada..."

"Abre as pernas e relaxa, vem por cima e senta, senta..."

"Ai meu piru, ai meu piru, ii caralho, essa novinha e safada da a buceta e dá o cu..."

PELO AMOR DE QUALQUER COISA QUE VOCÊS ACREDITEM E AMEM!!!  Me digam o que é isso????????? E não me venham com historinhas de licença poética!

 Como pode uma mulher que vive no século XXI, que sabe da existência das lutas pelos direitos das mulheres, sobre sexismo, sobre preconceito gostar deste tipo de música ou deixar-se aproveitar por pessoas que tem este tipo de mentalidade????

O que se passa na cabeça de uma militante, de uma riot grrl, de uma pessoa politizada, quando se depara com esse tipo de regressão de pensamentos? No mínimo, que tudo o que já foi e tem sido feito é quase inútil, já que o que importa e o que ganha ibope, são as mulheres peladas, se vendendo e se mostrando em troca de status e dinheiro através disso tudo.

Vamos às justificativas: baixa renda, infra-instrutora precária, ensino decadente, tráfico... bem, eu creria nisso se o pessoal da classe média- alta também não gostasse desse lixo. 


Segue uma música que diz tudo: